segunda-feira, 1 de abril de 2013

Madrugada pouco visionária.

Queria eu ser deus. "Herege adorador da inveja!"; pois não? Como já dizia Quincas, inveja não passa de um sentimento subjugado por filosofias de um período arcaico quando é na verdade só mais um dos meros sentimentos humanoides como a fome, o frio, a felicidade e o "amoreco". Tão ruim quanto e ao mesmo tempo tão bom.
Mas por que diabos queria eu ser deus mesmo? Não lembro. No momento que pensei nisso, defender a inocência da inveja parecia mais importante que informar o motivo de origem desse meu caso. Tentemos recordar por partes então...
Acho que surgiu numa noite de insônia e preguiça. Insônia por quase que literalmente um martelo pregar continuamente minha testa. Preguiça por motivo algum, mas a justificativa da crença de que ela ali existia é eu ter que me esforçar para lembrar de tudo agora. Se não fosse pela vadiação, já deveria estar tudo escrito. Eis a ignorância da preguiça, implicando num trabalho momentaneamente presente para aumentar um esforço ainda maior no futuro. Sinal da "Impermanência" da vida, que Melamed ao menos tenta explicar com amor. A preguiça é um dos desejos que o homem não sabe que quer, com o propósito de iludi-lo futuramente com a felicidade do descalçar das botas, isto é, uma felicidade impermanente e reciclável ou descartável. Mas voltemos às recordanças...
Antes de tudo, tinha eu pensado em morrer. Não por rancor ou desinteresse na vida, mais por curiosidade e descaso,  pensei que de alguma forma isso ajudaria no esquecimento da enxaqueca e assim me fizesse pregar os olhos. Fui mordido por um momento de ingenuidade, assumo. Cai foi em um poço, colorido de azul, branco e cinza pela criatividade, e acabei imaginando mil destinos para minha morte! Certo, talvez nem tantos, foram só uns três ou quatro, mas suficientes para me manter desacordado por uma madrugada inteira.
O primeiro dos imaginados destinos foi o mais clichê deles, aquele que todo católico sonha ou abomina, herança dum dualismo de fundamentalismo antigo. Não tenho muito mais o que a acrescentar a essa pós-morte, confio quase que bastante na orientação ortodoxa dos seus padres, creio que já ouviram até demais sobre ela. Não me dei bem com essa nem teoria, seus dogmas me pareceram incoerentes, pouquíssimos criativos, e seu Deus muito egoísta, mais até que eu. 
Imaginei depois alguma desinteressante ou desimportante pressuposição da vida após a morte, já que por nada me lembro de seus fundamentos. Teria algo a ver com reintegração da consciência em algum super-herói imbatível. Mas esqueça esse capitulo como eu já esqueci.
Por último “e não menos importante”, abracei a ideia de tomar o cargo de algum deus, adquirir posse de suas terras e “cuidar” de suas almas. Explicaria essas aspas, minha dignidade para o cargo e sua originalidade de uma só vez, mas como ando altruísta e com a mesma vontade de escrever que você, raro leitor, de ler, deixarei que imagine o topo dessa pirâmide divina e talvez capitalista por conta própria.

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