quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Madrugada

Nesta madrugada tão só, sentado na frente do computador, lendo um livro para passar o tempo, pausa para uma música, e nesta madrugada tão só, olho para o lado e apenas um gato me encarando com seu miado repentino, que também deve estar sem saber o porque de estar aqui, nesta madrugada tão só.

Luto?

“De luto por alguém com um sobrenome que desconhecia até ontem, por alguém que nunca senti saudade e por alguém que nem se quer lembro da voz. De luto pois é isso que as pessoas boas fazem.”
A tal hipocrisia clichê renasce a cada cadáver que cai. O desrespeito travestido de compaixão brota em cada dor tomada dos que realmente se importam. Uma peça de lagrimas falsas se monta em volta de cada travesseiro rodeado por flores, e a cada lagrima escorrida um traço de bondade é tatuado na própria testa. Pessoas bondosas que prezam compartilhar melancolia exigem tristeza ou alguma atuação que seja. Os olhares hipócritas mais se preocupam com a vermelhidão dos outros olhos que com a escuridão dos olhos fechados de quem ainda se vê deitado.

Choose a life.

“Choose a life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television. Choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching fabrics. Choose deny and wondering whom the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind numbing, spirit crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pushing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life… but why would I want to do a thing like that? I choose not to choose life. I choose something` else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you`ve got heroin?” - Trainspotting

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ácido Ócio.

Uma irresponsabilidade que ao invés de acalmar acaba só causando dor no estomago. Acredita que não é fome e esta acaba sendo umas das únicas “quase certeza de alguma coisa” que lhe restam agora que o resto não faz sentido nenhum. Encontra de vez em quando alguma relação disso tudo com a popularização das hóstias especificamente aos domingos, mas é só uma associação confusa e distrativa. Distrativa de algo turvo e figurado, com um contorno que até o faz lembrar o que seja, mas prefere que alguém com outras lentes o diga. É domingo pros outros míopes também, melhor só se distrair escrevendo alguma coisa confusa até que a dor do ócio não continue mais no estomago.

domingo, 25 de novembro de 2012

Um drama chamado domingo...

Vem devagar sem pressa de mansinho um pouquinho com uma pitada de sentimentos e substitua a alegria ..
depois se vá sem poesia sem rima como alguém que eu conhecia e sinta-se a vontade ...
com este monótono dia me sinto sem sentido escrevendo sobre meu sentimentos e este drama chamado domingo..

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Político-social sentimental..

E quando tudo parece perdido
e meia de tantos problemas sociais
eu tenho meus amigos para me distrair
a TV já não me distrai
calor me sufoca junto as propagandas
dizendo sempre: compre, compre  mais..
Quando estou bêbado tudo parece significante
com risos,que se fecham  no dia seguinte
depois de tanto tempo sem você
aprendi que não preciso de muito
para ser feliz,as outras pessoas também elas apenas
compram para se distrair e eu me distraiu
nesse amor platônico, que amor bom, para dormir
E tanto dinheiro para tão pouca gente
e pouca comida para muita gente
Eu sou da esquerda mas existe esquerda nesse país?
pobre é de direita e a elite,
a elite é azul,amarela e dona da razão
nossos índios são muito mais organizados, são atacados
por um pedaço de terra pelo homem branco
por não consumirem os produtos das propagandas
que me sufocam junto ao calor...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Genocídio Brasileiro..

No dia 8 de outubro, o Brasil tomou conhecimento, por carta dirigida ao governo e à Justiça Federal, de uma declaração de “morte coletiva” de 170 homens, mulheres e crianças da etnia indígena guarani-kaiowá, em resposta a uma ordem de despejo decretada pela Justiça de Naviraí (MS), onde estão acampados às margens do Rio Hovy, aguardando a demarcação das suas terras tradicionais, ocupadas por fazendeiros e vigiadas por pistoleiros.
Trata-se de um ato de desespero em resposta ao que os guarani-kaiowá chamaram de “ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena” no decorrer de sua história. Em tentativas de recuperação de suas terras, já foram atacados por pistoleiros, sofreram maus-tratos e espancamentos; mulheres, velhos e crianças tiveram braços e pernas fraturados, e líderes foram assassinados.
Agora, os índios pedem que, em vez de uma ordem de expulsão, o governo e a Justiça Federal decretem sua “dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos”. No dia 30 de outubro, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos informou que o governo federal conseguiu suspender a liminar que expulsava os índios de sua terra natal.
Em artigo contundente, Eliane Brum relembra que a história dos guarani-kaiowá é a história da ocupação de suas terras pelos brancos e de seu confinamento em reservas, dentro da percepção de que terra ocupada por índios é terra de ninguém. Com a chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: as reservas, o trabalho semiescravo nas fazendas ou a fuga para a mata. Durante a ditadura militar, a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou, trazendo muitos sulistas para ocupar a terra dos índios. Com a redemocratização do país e a Constituição de 1988, abriram-se esperanças de que os territórios indígenas fossem demarcados em cinco anos, o que não aconteceu em razão das pressões dos grandes proprietários de terras e do agronegócio.
A situação dos guarani-kaiowá, segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a mais grave. Confinados em reservas como a de Dourados, encontram-se em situação de catástrofe humanitária: além da desnutrição infantil e do alcoolismo, os índices de homicídio são maiores que em zonas em guerra, como o Iraque. Comparado à média brasileira, o índice de homicídios da reserva de Dourados é 495% maior. Os índices de suicídio estão entre os mais altos do mundo: enquanto a média do Brasil é de 5,7 por 100 mil habitantes, nessa comunidade indígena supera os 100 por 100 mil habitantes. Pesquisadores identificam na falta de perspectivas de futuro as causas da tragédia.
A indignidade que permeia a vida dos guarani-kaiowá é ultrajante; vivem uma guerra civil no Brasil rural. Como pano de fundo está a questão cultural que identifica nos indígenas uma primitividade inadmissível no século 21 e, portanto, um entrave ao desenvolvimento econômico que deve ser removido. Dessa forma, ignora-se a imensidão de riquezas culturais e de conhecimentos tradicionais dos primeiros habitantes das Américas.
O ex-presidente Lula reconheceu que ficou em dívida com os guarani-kaiowá. É imperioso que o Brasil da presidente Dilma seja realmente “um país de todos”, e reconheça o direito de existência daquele povo, bem como seu direito à alimentação, à saúde, à moradia digna e à preservação de seu patrimônio cultural.
Autora: Larissa Ramina é professora de Direito Internacional da UFPR e da UniBrasil.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Tropeçando.

Um dia você acorda meio John, mas no mesmo dorme Kurt.  Você anseia um antônimo de “vulgar”, se apaixona por tudo que surpreende, compreende o escuro ao invés de ter medo, mas acaba e enquanto sonha, acaba tropeçando numa cova, acorda ainda caindo num caixão aberto e se confortando com o barulho da pá que te cobre de terra. Fica até engraçado o quanto um instante pode parecer significante.

Mercúrio/2.

Acordei no sofá na mesma hora que o Sol, me impressionei com a luz laranjada que entrava pela vidraça da porta e que se refletia no teto da sala como uma tela minimalista e abstrata, me impressionei até a hora que lembrei do rosto dela no sonho que havia recentemente acordado. O meu sorriso se erguia e minha pupila dilatava só com as lembranças daquelas bochechas levemente manchadas de sarda. Entre um parágrafo, uma hora, um café, uma piada, um cigarro e uma risada, aquele dia todo imaginei desculpas que me convencessem a correr atrás daquelas bochechas que ficavam exageradamente altas quando ela sorria.
O Sol já dormia quando na frente de um espelho imaginei a desculpa não perfeita, mas que me convencia: “Por que odiar tanto a mediocridade ou hipocrisia?”.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um pouco de Carlos Drummond de Andrade.

Verbo Ser

Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser. Esquecer.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Enquanto isso um pouco de Tom zé.

"Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego.
Prá poder guiar..."

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um olhar idiota que vem de baixo.

Enojado com a futilidade da metrópole suja desescondida do maxilar erguido de cada um que passa, o mendigo metido a poeta se fissura, se distrai e perde tempo com uma placa que elabora a vários fins de expedientes alheiros. Sem perceber a própria ironia, sem perceber que as bocas não se costuram.
“Enquanto frases lamentam e choram algo relevante, vozes insignificantes se constrangem com o sal e se contorcem com o restante.”
Como que se aquelas vozes que atrapalham se incomodassem com o própria barulho. Idiota o tal mendigo, se ao menos houvessem orelhas entre as vozes.