terça-feira, 30 de abril de 2013

Doutrinando numa aula.

Não, a vida não imita muito mais a arte que a arte imita a vida. Se assim fosse, mais da metade das pessoas seriam artistas, aqueles menos copistas e mais egoístas. Preferiria eu que a arte imitasse a vida, tal que dizia Aristóteles, não Osmar Wilde.  Mais-quero narcisistas aos humanistas. Do carnaval que seja normal, não um sarau. O quão diversificativo e menos engraçado seria se corriqueiramente homens se vestissem de mulher e mulheres de pavão?

terça-feira, 9 de abril de 2013

Devaneio sobre o gato.

Desencarando o pedaço de frango e desviando o olhar para uma suposta mosca, hora no chão, hora no teto. É assim que meu gato atua enquanto almoço. Atua, representa e engana. Talvez, a convivência comigo o tenha proporcionado mais dessa desfortuna habilidade de dissimular, que aliás, muito bem lapidada por todos nós. Não recitei Shakespeare, nem Gil Vicente para um gato, consideraria plausível essas hipóteses se não me incomodasse outra suspeita menos engraçada. Como raramente me aflijo por insistências ou rogações, o felino acabou descobrindo que fingir desinteresse e indiferença rendem mais suculentos pedaços de proteína do que ficar miando e enrolando seu rabo em minha canela. Há as vezes que me julgo impiedoso por não dar a mínima para choros e inquietações, mas logo me lembro de taxar como comum aquele famoso ato de mesma crueldade, o ironicamente apelidado “cu doce”, que de doce, afetuoso; amável; agradável; açucarado, não tem absolutamente nada.
Mas essa peça felina se desmonta quando maldosamente balanço um respingo de filé em frente ao seus olhos, antes calculistas, agora dilatados. 

sábado, 6 de abril de 2013

Um pouco de consumismo.

 Nada é por acaso.

              Não é possível tornar o consumo consciente para a grande massa, por conta: da mídia, do governo e das empresas que após a segunda guerra mundial encontraram um jeito de acelerar a economia com a criação da obsolescência planejada e dos anúncios feitos pela mídia em geral.
              Pouco após a segunda guerra mundial, o governo dos EUA e as corporações conseguiram um jeito de impulsionar a economia mundial, seguindo os planos do analista de vendas Victor Lebow junto ao conselheiro econômico do presidente Eisenhower que declararam: “Nossas economias altamente produtivas exigem que façamos do consumo nosso meio de vida, que convertamos os atos de comprar e usar esses produtos em rituais,  que busquemos nossa satisfação espiritual e de nosso ego no consumo" Após alguns anos a  maioria das pessoas começaram a consumir cerca de : 50 vezes mais  do que anteriormente.
              Após a década de 50, designers industriais chegaram a debater o quão rápido um produto durasse para que o consumidor comprasse outros criaram então:  A obsolescência planejada , nada mais é do que : “Criado para ir para o lixo” para termos uma noção de como isso deu certo , antes de 1950, as lâmpadas duravam cerca de 2.500 horas, enquanto, após 1950 o padrão já havia sido reduzido para 1.000 horas.Eles fazem com que o produto se torne mais inútil possível para jogarmos fora e voltarmos as compras.
              Segundo Annie Leonard especialista em sustentabilidade, Hoje , a mídia em geral nos  oferece mais de 3000 anúncios por dia, que em um ano representa mais anúncios que uma pessoa via em toda a vida há 50 anos.Consumimos tanto que segundo Annie , apenas 1% das coisas que compramos ainda é utilizado depois de 6 meses , nunca se teve tantas propaganda e consumo em toda história.Qual o principal objetivo do a anúncio se não, fazer nós infelizes com o que temos? por isso nos dizem inúmeras vezes por dia que : nosso cabelo está errado, nossa roupa , nossa pele, nosso carro , nossos móveis e que nós estamos errados,  e tudo se resolve se nós comprarmos os produtos que eles estão anunciando.
              Como vimos o consumo excessivo da nossa sociedade não é por acaso, foi tudo intencional os governos, as corporações e as mídias são organizados para que nosso consumo   não se torne  consciente , a palavra economia não é sinônimo de "economizar". Nosso modelo de vida está planejado para a conscientização do consumo seja utópica.

quarta-feira, 3 de abril de 2013


As nuvens.

            Enquanto me preocupava com a produção de algum texto, por capricho de meu superego genial em companhia de minha consciência retardada, um poeta amigo me presenteia com um de seus rascunhos desvalorizados. Não ouso mais ofuscar com minhas dispensáveis palavras esse medíocre poeta, maldito da praga de rimar tudo que escreve quando outros espremem os olhos por não rimarem dois versos que sejam.


As nuvens

“Hoje estive observando minha rotina
Enquanto eu passava pelo corredor
Olhares vulgares me ofendiam por falta de amor
Talvez seja apenas minha tristeza interior

A saudade do passado no lugar onde você costumava estar
Passo , olho, fico sem jeito, e imploro por não mais gostar
Minha cabeça quase explode em meio todo esse fervor
Legal seria desistir de tudo
ficar sumido no mundo
um infeliz vagabundo
Talvez seja só minha tristeza interior

Fico sozinho com tanta alegria a minha volta
O falso amigo finge por um instante que se importa
Tudo bem, ele não tem culpa de nada
No futuro, me parece interessante me resolver na estrada

Voltando pra casa observando o nada enquanto sou observado por tudo
Vejo como são bonitas as manchas brancas que o céu pinta
E o sol não se compara a sua beleza
Por um instante vai embora minha tristeza
Me senti fascinado com o que chamam de natureza

Ainda existem coisas bonitas, ainda existe teu sorriso confortável
Ainda existe uma pessoa que eu intitulo confiável
Você ainda existe e então eu me pergunto
Por que o universo não me parece habitável
Talvez seja apenas o mundo a minha volta” – Leonardo Orlandin.


segunda-feira, 1 de abril de 2013


Madrugada pouco visionária.

Queria eu ser deus. "Herege adorador da inveja!"; pois não? Como já dizia Quincas, inveja não passa de um sentimento subjugado por filosofias de um período arcaico quando é na verdade só mais um dos meros sentimentos humanoides como a fome, o frio, a felicidade e o "amoreco". Tão ruim quanto e ao mesmo tempo tão bom.
Mas por que diabos queria eu ser deus mesmo? Não lembro. No momento que pensei nisso, defender a inocência da inveja parecia mais importante que informar o motivo de origem desse meu caso. Tentemos recordar por partes então...
Acho que surgiu numa noite de insônia e preguiça. Insônia por quase que literalmente um martelo pregar continuamente minha testa. Preguiça por motivo algum, mas a justificativa da crença de que ela ali existia é eu ter que me esforçar para lembrar de tudo agora. Se não fosse pela vadiação, já deveria estar tudo escrito. Eis a ignorância da preguiça, implicando num trabalho momentaneamente presente para aumentar um esforço ainda maior no futuro. Sinal da "Impermanência" da vida, que Melamed ao menos tenta explicar com amor. A preguiça é um dos desejos que o homem não sabe que quer, com o propósito de iludi-lo futuramente com a felicidade do descalçar das botas, isto é, uma felicidade impermanente e reciclável ou descartável. Mas voltemos às recordanças...
Antes de tudo, tinha eu pensado em morrer. Não por rancor ou desinteresse na vida, mais por curiosidade e descaso,  pensei que de alguma forma isso ajudaria no esquecimento da enxaqueca e assim me fizesse pregar os olhos. Fui mordido por um momento de ingenuidade, assumo. Cai foi em um poço, colorido de azul, branco e cinza pela criatividade, e acabei imaginando mil destinos para minha morte! Certo, talvez nem tantos, foram só uns três ou quatro, mas suficientes para me manter desacordado por uma madrugada inteira.
O primeiro dos imaginados destinos foi o mais clichê deles, aquele que todo católico sonha ou abomina, herança dum dualismo de fundamentalismo antigo. Não tenho muito mais o que a acrescentar a essa pós-morte, confio quase que bastante na orientação ortodoxa dos seus padres, creio que já ouviram até demais sobre ela. Não me dei bem com essa nem teoria, seus dogmas me pareceram incoerentes, pouquíssimos criativos, e seu Deus muito egoísta, mais até que eu. 
Imaginei depois alguma desinteressante ou desimportante pressuposição da vida após a morte, já que por nada me lembro de seus fundamentos. Teria algo a ver com reintegração da consciência em algum super-herói imbatível. Mas esqueça esse capitulo como eu já esqueci.
Por último “e não menos importante”, abracei a ideia de tomar o cargo de algum deus, adquirir posse de suas terras e “cuidar” de suas almas. Explicaria essas aspas, minha dignidade para o cargo e sua originalidade de uma só vez, mas como ando altruísta e com a mesma vontade de escrever que você, raro leitor, de ler, deixarei que imagine o topo dessa pirâmide divina e talvez capitalista por conta própria.