domingo, 23 de junho de 2013

O meu e o seu cobertor magico.

Sou dono de um cobertor magico. Aliás, todo dono de algum cobertor escuro é dono de um cobertor magico. Me dei conta de tal subjugada posse enquanto me contorcia na cama, em busca duma posição confortável suficiente a ponto de me ajudar a pegar no sono. Fica até vergonhoso após dezoito anos, dormindo quase todos os dias, não lembrar se prefere de bruços, com um travesseiro sob a cabeça e com um dos joelhos dobrado ou com os pés para a cabeceira e sem travesseiro, apoiando a nuca nos braços.  Nessa vergonhosa e socialmente desimportante indecisão, decidi me cobrir da cabeça aos pés com aquela manta mágica.  Já era dia, talvez eu não precisasse mais tentar estar dormindo, mas era domingo e a preguiça... Mais a preguiça do que o domingo. Já era dia quando consegui enxergar a mágica do meu cobertor, a luz daquela manhã escorrendo por entre as desgastadas linhas de algodão e aparentando uma deformidade única, logo perfeita, imitando o silencio de alguma constelação.

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